Magistrada
analisa avanços históricos, desafios no Judiciário e destaca a importância do
equilíbrio entre forças masculinas e femininas na sociedade
Apesar dos avanços,
Rosangela chama atenção para dilemas vividos pelas mulheres ao ingressarem no
mercado de trabalho. Muitas, segundo ela, acabam adotando posturas masculinas
como estratégia de sobrevivência em ambientes hostis. “Milhares de nós passamos
a detestar nosso ciclo menstrual, a relegar nossa intuição, a enfraquecer nossa
criatividade e nossa capacidade de acolhimento. É como se a conquista de espaço
exigisse negar a própria essência”, reflete.
A magistrada defende que
o verdadeiro empoderamento precisa caminhar lado a lado com a valorização do
feminino. “Não preciso deixar de ser feminina para não chamar atenção, ou me
masculinizar para me igualar aos homens. É tempo de mulheres e homens aprendermos
a dançar entre as forças do masculino e do feminino”, destaca.
O desafio se reflete
também dentro do Judiciário. Dados do relatório Justiça em Números 2024, do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que apenas 36,8% da magistratura
brasileira é composta por mulheres, contra 59,8% de homens. Além da
sub-representação, Rosangela relata situações de preconceito que ainda
persistem nos espaços de poder: “Ouvi de um colega, no início da carreira, que
mulheres não poderiam ser boas profissionais, mães e esposas ao mesmo tempo.
Nunca vi esse questionamento dirigido a homens”.
Inspirada em Ruth
Bader Ginsburg, ícone da Suprema Corte dos EUA, Rosangela acredita que o
futuro só será mais justo e equilibrado com a parceria real entre homens e
mulheres. “Acredito que teremos um futuro melhor se mulheres e homens forem
parceiros de verdade, andando juntos e de mãos dadas”, conclui.
A juíza compartilha suas
reflexões e experiências em seu perfil no Instagram: @rosangelamartins_juizafederal.